Pelo contexto literário científico de o libro, somos induzidos a alçarmos vôo numa viagem... “para além de limites previsíveis”. A premissa de sua ousadia está associada à riqueza e amplitude dos conhecimentos aqui abordados, muitos dos quais ainda acreditados incompatíveis ou não relacionados, ou de difíceis conexões e interfaces. Numa postura de altruísmo, segurança, firmeza e rigor acadêmico técnico-científico o Professor Dr. Paolo Bellavite concebeu esta obra a partir de uma intensa e vivenciada experiência profissional, cuja diversidade dos seus inúmeros escritos constitui um legado panorâmico ricamente documentado. O ciclo infinito de idéias e ação Infinita experiência, infinita invenção, Traz o saber do movimento, mas não da paz... Onde está a vida que perdemos vivendo? Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos na informação? (T. S. Eliot , “The Rock”) A apresentação deste livro também não é menos pretensiosa, porquanto não ultrapassarei o limiar do meu entendimento sobre vários conteúdos, ou vivências de outras práticas profissionais. Como professor e pesquisador na área de Imunologia, venho estudando aspectos fisiológicos fundamentais do sistema imunológico numa visão de integração com outros sistemas, como o endócrino e o nervoso, resultando numa nova concepção para as suas operações. Para Thales....a questão primordial não era o que sabemos, mas como sabemos. (Aristóteles) A proposta do livro associada à coerência no discurso do autor, foram sem dúvida instrumento de sedução e de motivação, e que me fizeram experimentar o devaneio de uma instigante aventura do conhecimento. Na análise da sua concepção os seguintes feitos do autor merecem ser destacados: · Resgata de maneira brilhante os conhecimentos das bases estruturais de antigas práticas médicas e condicionantes culturais, de vários povos distribuídos pelo mundo em diferentes espaços de tempo e história (chinesa, indiana ou yurvédica, hipocrática, etc.). E, sinalisando para a sua contemporaneidade, restringe a exclusão do que estaria legado ao rol dos arquivos mortos da humanidade, e fortalece a ruptura com a prática da intolerância acadêmica ocidental. · Promove e estabelece numa visão decisória a interligação e intersecção de todos aqueles conhecimentos com as abordagens das práticas médicas as mais contemporâneas (medicina alopática, homeopática, terapias alternativas, etc.). Ali se destacam um rico referencial científico além de projetos indicativos de como se faz a pesquisa biológica e médica segundo o fio condutor, que Bellavite chama de “biodinâmica”: o estudo da dinâmica da vida e de suas manifestações patológicas, sempre considerando a doença e a saúde no contexto sistêmico e dinâmico do ser humano na sua psicosociobiologia. Para a reconstituição da homeostasia, sabemos hoje que o sistema trabalha através de uma rede de conexões moleculares estabelecidas entre si ou com ligantes celulares, onde participam inúmeros fatores solúveis distribuidas pelo corpo - as citocinas. Os prováveis mecanismos de ação: aumento da imunidade, endorfinas, neurotransmissores. O sistema imune é mais que um sistema de defesa. Ele opera num processo de autopoise e autoregulação. As respostas contra os microrganismos são apenas uma parte da sua atividade. “O germe não é nada e o organismo é tudo” (Claude Bernard). Fenômenos imunológicos podem ser descritos como manifestações da atividade de uma rede complexa multiconectada envolvendo linfócitos com seus circuitos de regulação e citocinas. Cerca de 15% dos linfócitos ativados naturalmente reagem com componentes do próprio corpo, em caráter de autoreatividade fisiológica. As relações íntimas entre o cérebro e o sistema imunológico, e com o sistema endócrino apontam para uma dimensão totalmente inesperada de operações. Einstein cultuou muito a convicção de uma harmonia íntima do Universo como a base de toda a criação científica: Sem a convicção de uma harmonia íntima do Universo, não poderia haver ciência. Esta convicção é, e continuará a ser, a base de toda a criação científica. Em toda a extensão dos nossos esforços, nas lutas dramáticas entre as velhas e as novas concepções, entrevemos a ânsia eterna de compreensão, a intuição inabalável da harmonia universal, que se robustece na própria multiplicidade dos obstáculos que se oferecem ao nosso entendimento. Apesar da temática do livro ser dirigida preferencialmente para médicos e outros profissionais da área de saúde e especialistas, não é menos accessível para estudantes e estudiosos dos conflitos de conhecimento biológico-médico. Não apenas pela sua atualidade na busca de um entendimento para a concepção de várias intervenções médico terapêuticas, também pelo retorno ao entendimento do todo e do holístico, associando a resposta com a diversidade cultural de todas aquelas intervenções e práticas atuantes. Assim se busca uma visão mais humana da medicina através de um conjunto de aprendizados, técnicas, métodos de terapias não convencionais, etc É preciso cuidar da vida em que o corpo está inserido além do corpo. Com a devida atenção de que a doença hoje não se trata apenas de um fenômeno ou processo puramente biológico. O homem é o único ser vivo capaz de ser seu próprio agente agressor através dos seus pensamentos, angústias e insegurança diante da vida. O conhecimento será sempre a melhor medida preventiva a ser trabalhada com as pessoas, trata-se da melhor defesa individual. A ciência, o conhecimento científico não tem o poder de fazer sonhar enquanto instrumento de promoção individual. A prática da educação, assim como a atitude de ‘parar para ver a banda passar’, trazem a beleza de sonhos com o poder de transformar indivíduos isolados num povo (Rubem Alves). Enfim, quero voltar a me referir à ousadia do autor que destaquei no início deste texto: considero-a como a sua mais humana e corajosa mensagem, indicando-nos que é possível sonhar sonhos coletivos e transformar a realidade. Podemos fazer acontecer aquilo que sabemos quando aglutinarmos os nossos desejos. Dr. Paulo Maria Ferreira de Araújo Professor Livre Docente em Imunologia Instituto de Biologia - UNICAMP

Medicina Biodinâmica. A força vital, suas patologias e suas terapias

BELLAVITE, Paolo
2002-01-01

Abstract

Pelo contexto literário científico de o libro, somos induzidos a alçarmos vôo numa viagem... “para além de limites previsíveis”. A premissa de sua ousadia está associada à riqueza e amplitude dos conhecimentos aqui abordados, muitos dos quais ainda acreditados incompatíveis ou não relacionados, ou de difíceis conexões e interfaces. Numa postura de altruísmo, segurança, firmeza e rigor acadêmico técnico-científico o Professor Dr. Paolo Bellavite concebeu esta obra a partir de uma intensa e vivenciada experiência profissional, cuja diversidade dos seus inúmeros escritos constitui um legado panorâmico ricamente documentado. O ciclo infinito de idéias e ação Infinita experiência, infinita invenção, Traz o saber do movimento, mas não da paz... Onde está a vida que perdemos vivendo? Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento? Onde está o conhecimento que perdemos na informação? (T. S. Eliot , “The Rock”) A apresentação deste livro também não é menos pretensiosa, porquanto não ultrapassarei o limiar do meu entendimento sobre vários conteúdos, ou vivências de outras práticas profissionais. Como professor e pesquisador na área de Imunologia, venho estudando aspectos fisiológicos fundamentais do sistema imunológico numa visão de integração com outros sistemas, como o endócrino e o nervoso, resultando numa nova concepção para as suas operações. Para Thales....a questão primordial não era o que sabemos, mas como sabemos. (Aristóteles) A proposta do livro associada à coerência no discurso do autor, foram sem dúvida instrumento de sedução e de motivação, e que me fizeram experimentar o devaneio de uma instigante aventura do conhecimento. Na análise da sua concepção os seguintes feitos do autor merecem ser destacados: · Resgata de maneira brilhante os conhecimentos das bases estruturais de antigas práticas médicas e condicionantes culturais, de vários povos distribuídos pelo mundo em diferentes espaços de tempo e história (chinesa, indiana ou yurvédica, hipocrática, etc.). E, sinalisando para a sua contemporaneidade, restringe a exclusão do que estaria legado ao rol dos arquivos mortos da humanidade, e fortalece a ruptura com a prática da intolerância acadêmica ocidental. · Promove e estabelece numa visão decisória a interligação e intersecção de todos aqueles conhecimentos com as abordagens das práticas médicas as mais contemporâneas (medicina alopática, homeopática, terapias alternativas, etc.). Ali se destacam um rico referencial científico além de projetos indicativos de como se faz a pesquisa biológica e médica segundo o fio condutor, que Bellavite chama de “biodinâmica”: o estudo da dinâmica da vida e de suas manifestações patológicas, sempre considerando a doença e a saúde no contexto sistêmico e dinâmico do ser humano na sua psicosociobiologia. Para a reconstituição da homeostasia, sabemos hoje que o sistema trabalha através de uma rede de conexões moleculares estabelecidas entre si ou com ligantes celulares, onde participam inúmeros fatores solúveis distribuidas pelo corpo - as citocinas. Os prováveis mecanismos de ação: aumento da imunidade, endorfinas, neurotransmissores. O sistema imune é mais que um sistema de defesa. Ele opera num processo de autopoise e autoregulação. As respostas contra os microrganismos são apenas uma parte da sua atividade. “O germe não é nada e o organismo é tudo” (Claude Bernard). Fenômenos imunológicos podem ser descritos como manifestações da atividade de uma rede complexa multiconectada envolvendo linfócitos com seus circuitos de regulação e citocinas. Cerca de 15% dos linfócitos ativados naturalmente reagem com componentes do próprio corpo, em caráter de autoreatividade fisiológica. As relações íntimas entre o cérebro e o sistema imunológico, e com o sistema endócrino apontam para uma dimensão totalmente inesperada de operações. Einstein cultuou muito a convicção de uma harmonia íntima do Universo como a base de toda a criação científica: Sem a convicção de uma harmonia íntima do Universo, não poderia haver ciência. Esta convicção é, e continuará a ser, a base de toda a criação científica. Em toda a extensão dos nossos esforços, nas lutas dramáticas entre as velhas e as novas concepções, entrevemos a ânsia eterna de compreensão, a intuição inabalável da harmonia universal, que se robustece na própria multiplicidade dos obstáculos que se oferecem ao nosso entendimento. Apesar da temática do livro ser dirigida preferencialmente para médicos e outros profissionais da área de saúde e especialistas, não é menos accessível para estudantes e estudiosos dos conflitos de conhecimento biológico-médico. Não apenas pela sua atualidade na busca de um entendimento para a concepção de várias intervenções médico terapêuticas, também pelo retorno ao entendimento do todo e do holístico, associando a resposta com a diversidade cultural de todas aquelas intervenções e práticas atuantes. Assim se busca uma visão mais humana da medicina através de um conjunto de aprendizados, técnicas, métodos de terapias não convencionais, etc É preciso cuidar da vida em que o corpo está inserido além do corpo. Com a devida atenção de que a doença hoje não se trata apenas de um fenômeno ou processo puramente biológico. O homem é o único ser vivo capaz de ser seu próprio agente agressor através dos seus pensamentos, angústias e insegurança diante da vida. O conhecimento será sempre a melhor medida preventiva a ser trabalhada com as pessoas, trata-se da melhor defesa individual. A ciência, o conhecimento científico não tem o poder de fazer sonhar enquanto instrumento de promoção individual. A prática da educação, assim como a atitude de ‘parar para ver a banda passar’, trazem a beleza de sonhos com o poder de transformar indivíduos isolados num povo (Rubem Alves). Enfim, quero voltar a me referir à ousadia do autor que destaquei no início deste texto: considero-a como a sua mais humana e corajosa mensagem, indicando-nos que é possível sonhar sonhos coletivos e transformar a realidade. Podemos fazer acontecer aquilo que sabemos quando aglutinarmos os nossos desejos. Dr. Paulo Maria Ferreira de Araújo Professor Livre Docente em Imunologia Instituto de Biologia - UNICAMP
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